
Leleo conquistou o título europeu como faixa-preta Fot: Lu’nivers Athletics
A temporada de 2025 colocou Leonardo Souza no mapa da elite do Jiu-Jitsu. Campeão europeu da IBJJF em Lisboa, finalizando o compatriota Lucas Protasio na decisão do leve, e medalhista no Mundial do mesmo ano, o brasiliense crescido em Riacho Fundo 2 consolidou um ano de afirmação técnica e mental. Faixa-preta formada por Pedro Maia e com base lapidada também por Rodolfo Sales no Distrito Federal, Leo combina volume ofensivo e frieza competitiva em grandes palcos.
Questionado sobre o recorte de 2025, ele resume o que os resultados mostram no tatame e no pódio: “Esse tem sido o meu melhor ano em relação a resultados e performance. Fui campeão europeu e conquistei meu primeiro pódio no Mundial. A cada competição venho amadurecendo mais e tenho certeza de que é só questão de tempo até conquistar os grandes títulos.”
A ambição de Leo não é abstrata. Ao falar de propósito, ele coloca o esporte como veículo de impacto, tanto no próprio caminho quanto no de quem o acompanha: “Meu maior objetivo é ter um bom estilo de vida através do Jiu-Jitsu e inspirar outras pessoas a conquistarem também. Acredito que, através do esforço e de um trabalho inteligente, podemos conquistar grandes coisas não só no Jiu-Jitsu, mas na vida também.”
A experiência no BJJ Stars em São Paulo funcionou como termômetro de palco e parâmetro de ajustes. Diante de Meyram Maquine, onde perdeu por dois pontos, Leo sentiu em primeira mão a densidade estratégica do topo e saiu com lições claras para o futuro: “Foi uma experiência incrível e uma realização pessoal participar desse grande evento, principalmente contra um atleta como o Meyram. Essa experiência só me motiva mais a continuar trabalhando duro. Acho que ele teve bom controle na luta; não consegui ajustar as pegadas por baixo e acabei ficando muito na defensiva. Mas, no geral, foi uma luta boa e só me inspira mais a lutar com esses grandes atletas.”
O Europeu de 2025 foi a noite em que tudo se encaixou. O título veio com campanha 100% finalizadora, coroada por uma virada contra Protasio quando o placar era adverso. Leo lembra da sequência de lutas, da área de aquecimento e da cabeça fria na hora certa: “Essa conquista foi a realização de um sonho. Esse europeu foi meu primeiro título do grand slam; nunca tinha ganho um título do grand slam nem mesmo nas faixas coloridas. Ter esse primeiro título já na faixa-preta é uma realização profissional. No primeiro dia finalizei no triângulo, no segundo dia na guilhotina, a terceira luta em um triângulo também e a final no reloginho. Lembro que, na área de aquecimento ao lado dos grandes atletas, foi uma sensação indescritível. Quando finalizei a final, fiquei sem acreditar no que tinha feito; já estava cansado e perdendo de 4 a 0. Meu único pensamento era que não deixaria ele passar a minha guarda, e quando saiu a finalização, fiquei sem acreditar [risos].”
Quando precisa escolher um instante que resuma a trajetória até aqui, Leo volta a Lisboa, não apenas pelo ouro, mas pelo que a medalha representa em anos de dúvidas e persistência: “Essa é uma pergunta difícil, mas se for para mencionar um momento, acredito que foi quando conquistei o título europeu. Foi a colheita de muitos anos de esforço e de muitas dúvidas na cabeça durante essa trajetória.”
O circuito também abriu fronteiras e repertório. Entre viagens e camps, Leo já mapeou culturas e estilos que hoje aparecem no jogo agressivo e equilibrado que apresenta: “Já visitei Portugal, Arábia Saudita e Estados Unidos.”
A bússola diária vem da mentoria de Xande Ribeiro, referência técnica e humana que encurta caminhos sem pular etapas. Leo trata cada conversa como aula e cada ajuste como um degrau: “É muito bom, ele é um cara que tem muita sabedoria não só no Jiu-Jitsu, mas na vida também. Então cada momento que estou com ele tento aprender o máximo possível!”
Em números, o ano entrega o que as falas projetam. Ouro no Europeu 2025 adulto leve com final sobre Lucas Protasio e o primeiro pódio no Mundial da IBJJF indicam que a casca de alto nível já é realidade. Para quem saiu de Riacho Fundo 2, recebeu a faixa-preta de Pedro Maia e se firmou entre os melhores, o próximo passo é consequência de um plano claro: competir com os maiores, vencer onde poucos vencem e inspirar quem vem atrás a acreditar que é possível.